A Mulher de Betânia
- Emerson Melo
- 2 de mar. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de fev.
Os Evangelhos Sinóticos registram a história de uma mulher que unge Jesus (Mt 26.6-13; Mc 14.3-9; Lc 7.36-50; Jo 12.1-8) - um evento descrito por Mateus, Marcos e João na cidade de Betânia. Segundo os dois primeiros Evangelhos, a mulher leva Jesus a declarar: "Em verdade vos digo que onde quer que este evangelho for proclamado em todo o mundo, o que ela fez também será contado em sua memória" (Mt 26:13); (Marcos 14:9).

Por que o Messias elogia tão profundamente a ação dessa mulher? O que há de tão notável na mulher de Betânia? A resposta reside na forma como sua ação antecipa o sacrifício de Jesus e aponta para a boa nova do amor de Deus.
De acordo com Mateus e Marcos, durante uma refeição, "uma mulher veio com um frasco de alabastro cheio de perfume... e quebrou o frasco e derramou sobre a cabeça de Jesus" (Mt 26:7; cf. Mc 14:3). Apesar da repreensão dos discípulos à mulher por "desperdiçar" o perfume que poderia ter sido vendido para ajudar os pobres, Jesus responde: "Por que vocês a incomodam? Ela fez uma boa obra para mim... Ela ungiu meu corpo (σῶμά μου; somá mou) de antemão para o sepultamento" (Mc 14:6, 8; cf. Mt 26:10, 12). A interpretação de Jesus sobre a ação da mulher prenuncia suas palavras durante a Última Ceia: "Tomai, comei; isto é o meu corpo (σῶμά μου; somá mou)" (Mc 14,22; cf. Mt 26,26). Portanto, a mulher de Betânia antecipa a natureza sacrificial do corpo de Jesus e desempenha um papel preparatório antes de sua morte expiatória. Em João, a mulher - identificada como Maria, irmã de Lázaro (cf. Jo 11, 2; 12, 3) - unge os pés de Jesus em vez de sua cabeça. Maria "pegou um frasco de unguento caro... e ungiu os pés de Jesus (πόδας; pódas) e enxugou-os (ἐκμάσσω; ekmásso) com os cabelos" (12:3). A ação em Betânia antecipa o ato de lavar os pés de Jesus um capítulo depois. Yeshua "derramou água em uma bacia e começou a lavar os pés dos discípulos (πόδας; pódas) e enxugá-los (ἐκμάσσω; ekmásso) com a toalha que estava cingido" (13:5). A disposição de Jesus em lavar os pés de seus discípulos reflete seu amor altruísta por eles e lhes ensina: "Assim como eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros" (13:34). Esse mesmo amor é evidenciado no versículo mais conhecido do Novo Testamento: "Porque Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16).
Em João, a mulher de Betânia antecede a ação de Jesus em lavar os pés de seus discípulos e expressar seu amor antes de sua jornada para a cruz.
A mulher em Betânia prefigura o último ato de perdão de Jesus por meio de seu sacrifício. É por isso que Jesus diz: "O que ela fez também será contado para sua memória (εἰς μνημόσυνον; eis mnemósunon)" (Mt 26:13; Mc 14:9). Da mesma forma, Jesus instrui seus discípulos a participarem da Última Ceia "em memória (εἰς... ἀνάμνησιν; eis anámnesin) de mim" (Lc 22,19; cf. 1Cor 11,24-25). Assim como os seguidores de Jesus recordam sua morte ao participarem do pão e do vinho nos cultos de ceia. Os Evangelhos afirmam que a mulher de Betânia será lembrada por ter destacado a importância dessa mesma morte. No entanto, atualmente não existe nenhuma refeição comemorativa ou feriado em memória da mulher em Betânia.
Na Páscoa ou durante a Semana Santa, podemos optar por expressar a admiração de Jesus por essa mulher celebrando ao menos uma noite em sua homenagem!
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